Uma Nova Geração de Empreendimentos Comerciais Sustentáveis

Publicado em: 28/09/2021 15:09

O edifício João Benjamin Zaffari (JBZ), da Belmondo Empreendimentos, é possivelmente, o condomínio corporativo de alto padrão mais eficiente de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Localizado no cruzamento entre a Avenida Carlos Gomes e a Rua Anita Garibaldi, tem 21.000 m² de área construída e é o primeiro da cidade a fazer o uso de energia renovável para redução dos custos de condomínio. Essa singularidade e inteligência adotadas no projeto, que tem fins de locação, o coloca no páreo para a obtenção da certificação LEED Platinum com a conquista de todos os pontos de eficiência energética que a classificação de sustentabilidade oferece e, portanto, com uma das pontuações mais altas do país. O CEO da Belmondo Empreendimentos, Bruno Zaffari, à frente da incorporação desse edifício icônico da capital gaúcha, que também é uma homenagem ao seu pai, conta nessa entrevista exclusiva os motivos que levaram à empresa a optar pela certificação LEED, os desafios e soluções adotados na obra, bem como os benefícios agregados ao empreendimento por meio do green building. 

 

GB MONITOR: O que motivou a Belmondo Empreendimentos a buscar a certificação LEED para o edifício João Benjamin Zaffari (JBZ)? 

 BRUNO ZAFFARI: Desde o início nosso objetivo foi desenvolver um empreendimento pensado ao longo prazo. Assim, buscamos diferenciais de design, materiais e tecnologia que façam com que o prédio retenha valor com o passar do tempo, melhore eficiência operacional e reduza a obsolescência. A proposta da certificação LEED está muito alinhada com esses preceitos e, pela credibilidade e liderança internacional da organização, acabou sendo uma escolha natural.  

 

GB: O JBZ está buscando o mais alto nível de certificação (LEED Platinum). Foi uma decisão difícil? Quais fatores pesaram nesta decisão?  

BZ: A decisão de realizar a certificação em si foi a que demandou um pouco mais de tempo. Inicialmente pretendíamos buscar o selo LEED Gold. Com um maior entendimento do sistema de créditos, das potencialidades da área e, ainda, apoio da equipe técnica, a certificação Platinum se mostrou mais alinhada com o objetivo geral do projeto, o objetivo de fazer algo realmente marcante para a cidade acabou nos levando a buscar os 90 pontos. 

GB: Esse é o primeiro edifício LEED da Belmondo e ele está prestes a ser entregue. Como a sua percepção em relação ao LEED mudou desde a decisão inicial pela certificação?  

BZ: No decorrer da obra. Acredito que nossa percepção sobre o LEED tenha evoluído de agregar um conjunto de características sustentáveis no projeto para repensar o processo construtivo, com entendimento não só da execução, mas da operação, impactos e manutenção do prédio.  

 

GB: No que diz respeito ao LEED, do seu ponto de vista, quais foram os principais desafios enfrentados pelo JBZ? Como eles foram superados?  

BZ: Os principais desafios se relacionam à comunicação e ao alinhamento de toda a equipe na atenção aos requisitos do LEED, na necessidade de redesenhar partes do projeto para incluir preceitos da certificação e, por fim, na questão de volume de obra, que acaba inviabilizando ou dificultando a adoção de certas tecnologias por limitações de espaço e diluição de custo.  

 

GB: Qual a sua avaliação do mercado de edifícios corporativos em Porto Alegre e das construções sustentáveis dentro desse contexto?  

BZ: Acreditamos que o mercado já passou pelo seu pior momento e começa a dar sinais de recuperação. Sem dúvida, o fato de estarmos passando pela mais longa recessão da história do Brasil gerou altos índices de vacância e oscilações nos valores de vendas e locações. Nesse cenário, prédios com melhor localização e diferenciais, como a sustentabilidade, tendem a se recuperar de forma mais rápida. Para o futuro, com a normalização da situação, a busca por sustentabilidade deve ser cada vez maior, sendo uma das tendências mais importantes a serem observadas no comportamento de consumo.  

 

GB: Em sua opinião, o que o JBZ significa para Porto Alegre e para o Rio Grande do Sul?  

BZ: O que posso dizer é o que pretendíamos quando definimos o propósito do empreendimento. Pesquisamos muito o mercado e procuramos conhecer e entender a lógica que guiava o desenho dos projetos corporativos da cidade, para com base nisso, entender como poderíamos construir nossa proposta de valor. Além disso, situada em uma esquina importante da Avenida Carlos Gomes, maior pólo corporativo de Porto Alegre, a área trazia uma grande oportunidade, perse. Estabelecemos então como premissa trazer algo novo para a cidade, que realmente desafiasse os padrões. Ao torná-lo também uma homenagem ao nosso pai, João Benjamin Zaffari, esse desejo foi potencializado. Esperamos enfim, que o prédio seja um marco positivo no skyline da cidade, um lugar inspirador para as pessoas construírem seus negócios e conquistarem os seus sonhos. 

 

 GB: O LEED figura na sua estratégia de comercialização do JBZ? Em que aspecto? 

BZ: O LEED está presente como um diferencial de tecnologia e acabamento do prédio, sendo um referencial importante de inovação trazida pelo projeto. Além da questão da sustentabilidade em si, demonstra a preocupação que se teve com a operação eficiente e manutenção do empreendimento ao longo dos anos. A importância da certificação não é tão imediata, ainda que ajude na velocidade de ocupação, mas na retenção de valor a longo prazo. 

 

GB: Na sua avaliação, o LEED encareceu a obra? Em quanto e em que aspectos?  

BZ: A certificação em si não foi o fator determinante para o encarecimento da obra. A partir do momento em que decidimos não apenas buscar a certificação Platinum, mas fazê-lo nos 89/90 pontos, absorvemos créditos que demandavam investimentos maiores que o normal, ainda que não se possa afirmar que o incremento tenha sido muito significativo.  

 

GB: Mesmo não precisando dos pontos associados à geração local de energia renovável para conquistar o nível LEED Platinum, a Belmondo decidiu agregar esse diferencial e fazer o investimento. Por quê?  

BZ: O empreendimento não pode se limitar à certificação. Sem dúvida, o LEED foi importante na definição de uma série de equipamentos e especificação de materiais, mas isso não significa fazer apenas o mínimo – a geração local de energia renovável, inclusive, não foi o único crédito excedente ao mínimo do Platinum. Entendemos que o investimento fazia sentido e era coerente com o propósito do projeto e decidimos por agregar mais essa inovação tecnológica. 

 

 GB: Qual a principal lição/aprendizado que vc tirou da experiência de certificar o JBZ?  

BZ: É fundamental entendermos e planejarmos melhor os empreendimentos em toda a sua vida, da incorporação e construção até a ocupação, operação e manutenção. Assim, teremos espaços capazes de oferecer mais qualidade de vida e bem-estar para o seu usuário.  

 

GB: Que conselhos ou recomendações você daria para o empresário que está pensando em construir o seu primeiro edifício LEED?  

BZ: Se for certificar, incorpore o conceito desde os primeiros rascunhos do projeto, vai poupar muito trabalho depois. O LEED é mais que apenas um selo e essa percepção tem que estar alinhada com os princípios e objetivos da empresa. Comunique bem a todos sobre a importância do processo e, claro, escolha os parceiros certos para ajudar na implementação e acompanhamento do trabalho.  

Entrevista para à revista GB Monitor – 01.11.2018

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